segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AS CRIANÇAS E O LUTO


Enfrentar a morte de uma pessoa querida é difícil em qualquer idade. Enganam-se aqueles que acreditam que nas crianças a dor da perda é substituída facilmente por distração e brincadeiras. A criança, por não saber nomear nem classificar os sentimentos, expressa-os na forma de brincadeiras. É por meio do brincar que a criança repete vivências passadas e fantasias internalizadas. Como afirma Klein (1991), por meio da simbolização a criança expressa suas fantasias, ansiedades, e desta forma consegue aliviar-se, fazendo com que a brincadeira seja essencial para seu desenvolvimento. A criança pode comunicar-se também através de seu corpo: por dificuldades de saber expressar-se, ela exprime a dor por comportamentos agressivos e de irritabilidade. 
                                        

É fundamental que as crianças vivenciem o luto. 
Não falar da dor não significa não a sentir, e muitas vezes as crianças podem estar sofrendo e não lidando com a perda de modo saudável. Para que isso ocorra é necessário que a criança vivencie os sentimentos do luto. Elas devem ser encorajadas a falar sobre o que estão sentindo, para conseguir elaborá-lo, impedindo que o luto mantenha-se indefinidamente. (Mazorra, 2001).

domingo, 18 de agosto de 2013


Por que muitas vezes nos sentimos bem ouvindo música triste?


“A música que é percebida como triste na verdade induz uma emoção romântica, bem como uma emoção tristonha. E as pessoas, independentemente da sua formação musical, experimentam essa emoção ambivalente ao ouvir a música triste”, afirmam pesquisadores.
Além disso, ao contrário da tristeza na vida diária, a tristeza vivida através da arte realmente é sentida como agradável, possivelmente porque esta não representa uma ameaça real para a nossa segurança. Isso poderia ajudar as pessoas a lidar com suas emoções negativas na vida diária, concluíram os autores.
“A emoção experimentada pela música não tem perigo direto ou dano ao contrário da emoção vivida na vida cotidiana. Portanto, podemos ainda desfrutar de uma emoção desagradável, como a tristeza. Se sofremos de uma emoção desagradável evocada durante a vida diária, uma música triste pode ser útil para aliviar a emoção negativa”.
Fonte: Fronteiras da Psicologia

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

MUITO INTERESSANTE E REAL !!!!!!

LI ESTE BLOG "LULU NÃO DORME", DE GIOVANA VAIA (Redatora publicitária. Colunista da revista Pais & Filhos.) ACHEI O POST INTERESSANTE, REAL E UM DESABAFO QUE MUITAS MÃES GOSTARIAM DE FAZER.

Maternidade, o lado B. Ou a vida como ela é e não como deveria ser. Ou porque caralhos nunca ninguém me contou isso?
Me deu um ataque sincericida. E de tanto ver mãezinhas falando oh- como- a- vida- é- boa-como- filho- é- mágico, que resolvi falar a verdade. Segurem.
O que nunca ninguém me contou: (Por que meu deus? Por que?)
Que aquelas fotos de book gravídico são tudo uma farsa. Mães sorrindo placidamente segurando a barriga e olhando o mar é photoshop emocional. Tudo atriz. A verdade é que na gravidez a gente incha, vira uma orca com elefantíase. Não acha posição na cama, se sufoca com a própria barriga, vive num mundo paralelo. Um mundo regido por hormônios. Que ora estão de bom humor, ora não. E ora não ora não ora não.......
Que passamos 9 meses numa montanha russa emocional com direito a vômitos. Muitos vômitos. Além de diarréias e gases em profusão. Sem contar as hemorróidas.
Que quando vamos fazer ultrassom ou exames de sangue quase temos um ataque cardíaco de medo. Que acendemos velas, invocamos orixás, jogamos pipoca pra cima e sal grosso pra baixo. Fazemos promessas pra que no temido morfológico apareça o osso nasal, vinte dedos e um coração que bate.
Que vamos todas corajosas levantar a bandeira do parto normal. Porque é o natural, é assim que deve ser. Sou forte. Sou índia. Vamo lá ficar de cóccix e botar uma vida pra fora. Só que atrás dessa bandeira estamos si-ca-gando de medo de aquela alcatra arregaçar nossas partes pudendas para todo sempre. Optamos então pela cesárea. SIM OPTAMOS, porque vivemos no Brasél e aqui pode se optar por. Mas claro que nas rodas matérnicas vou dizer que não foi opção, que minha filha tava com cabeça pra cima, que não tive contração e muito menos dilatação (na verdade, meu corpo usou esse mecanismo de defesa contra o medo) e dá-lhe cesárea.
Mas quem disse que esse tipo de parto é simples, lindo, pimpão? Um corte de ponta a ponta na sua barriga do tipo ligue os pontos, formam um ‘smile’, aquela carinha sorridente, e que quando você olha no espelho, tem vontade de chorar e pensa: putaquepariu, me cortaram de cabo a rabo, nunca mais vão me amar.
Mas isso não é nada perto do que esta por vir. O neném. Sim, o neném.
Dizem os livros, revistas, amigos e parentes que você deve se sentir, (veja bem DEVE no sentido de dever, não de probabilidade), arrebatado por uma amor incondicional assim que pega seu filho nos braços. An. E é nessa hora que você tem que dizer: meu deus que coisa linda! E foi nessa hora que eu disse: meu deus é um joelho?
É amor? Explosão de felicidade? Na hora do parto? Cheia de agulhas enfiadas nas veias? Com um corte de 10 cm da sua barriga, com oito camadas suas expostas à uma equipe que conta piadas de judeu enquanto cavoca o seu útero e joga uma gaze suja na sua coxa? O que chamam de amor eu chamo de me tirem daqui. Aflição. Só Madre Teresa, se não fosse Madre, sentiria essa amor imediato pulsante, incondicional, acredito eu. Ou Dalai lama. Tenho uma amiga foi um pouco mais além, mas cada um sabe de si, né? “Tirem esse verme daqui” foi o que ela proferiu quando viu seu bebê. Acontece, gente. Quem é mãe sabe que acontece, mesmo que vocês abafem isso e guardem num baú a 18 palmos da terra esse tipo de emoção. Isso volta hein? Hora ou outra isso volta pra você. E melhor jogar pra fora. E não precisa ser taxada de psicopata por isso, os hormônios estão ai pra isso, pra culpar-mo-lhos. Assim como a depressão pós parto. Lindo. Uma criança saudável, faminta, com cabelinhos até! mas que chora pra caralho. Uma criança que é capaz de chorar por 10 horas seguidas. Não há amor incondicional que suporte o Baby Blues sem sucumbir.
Nesse momento você olha para a janela do hospital. Confere se é alta. É alta. Sim!!!Pensamentos suicidas ou homicidas (que inclui todos aqueles parentes distantes que vão te ver pelada no hospital), passam a todo instante na cabeça das pobres mães. É, pobres mães, porque a gente não tem culpa de ser nardoni nessas horas. É uma coisa de deus, ou do diabo sei la. Mas não é da gente. É do universo, porra.
Daí ce leva o verminho pra casa, já sentindo alguma afeição entre um bocejo e outro, entre uma regurgitação e outra, entre um putaquepariu e outro. Ele ri, você ri, ele chora, você chora, ele ri, você chora, você chora e ele chora, choramos. Choramos muito. Choramos por cansaço, por não saber lidar e por solidão. Sim solidão. Sentimos uma solidão intrínseca-visceral. Mesmo com alguenzinho grudado em seu peito, nos sentimos sozinhas. Adultas sozinhas, adultas crianças. Somos crianças e mais uma vez choramos. Desamparadas pela vida e por todos os nossos entes queridos mesmo que eles estejam no mesmo cômodo que nós. Não dá pra explicar. Só quem já foi mãe de um bebê de 1 mês sabe. SABE SIM do que tô falando. Não dissimulem.
Daí ele cresce um tico, já levanta aquela cabeça balançante tipo cachorrinho- de- porta- mala- de- carro-de-pobre e você pensa WOW, tomara que comece a andar logo, minhas costas não aguentam mais esse peso. Quem ele pensa que eu sou? Um burro de carga? E lá vai você fritar bife com o pingente no colo; fazer cocô com ele te sorrindo no bebê- conforto posicionado estrategicamente a frente do vaso sanitário, tomar banho enquanto ele cochila escorado por almofadas na sua cama “e se ele virar e cair?” daí ce corre do banho enrolada precariamente numa toalha, pingando sangue. Ahhh sim, ninguém me disse que eu hemorragiria por quase 90 dias após o parto. E que gastaria em modess o equivalente a um Sandero 2012. Fora as vezes que você tem que almoçar com com ele penduradinho nas suas tetas. Quem nunca?
Tetas. Tetas sim. Seios não pra quem nunca amamentou. Porque a gente se sente uma vaca. Uma vaca esperando a hora do abate, que nunca chega.
Quantas vezes esqueci, ou não deu tempo de jantar, de tomar banho, adiar o xixi ate sua bexiga implorar por um Pyridium na veia?
Fora a vaidade. Que vaidade? Passamos a evitar colares, pulseiras, brincos e anéis, porque machucam os bebês e eles podem arrancam e se você tiver um milésimo de segundo distraída eles enfiam na boca e engolem felizes o seu anel de ouro rosa da Vivara, aquele que você que tá pagando a quinta parcela ainda. Corremos pro hospital preocupadas com a saúde deles, em prantos, e depois que o anel sai esquecemos eles no canto e vamos lá limpar toda a bosta da nossa jóia, amaldiçoando a nossa criança.
Daí começam a andar, ahhhh que legal o andar! Essa fase é mágica, se você mãe, for maratonista. Por que só assim pra dar conta de correr atrás de 80 centímentros hiperativos all day long. Você cansa. Cansa demais e pensa... porque ele foi andar tão rápido meu deus?! Na verdade eles não aprendem a andar e sim a correr. Já nascem Robson Caetano.
Começa aí a aparecer alguma independência. Ufa! Você já pode ir pra cozinha cortar meia cebola enquanto ele fica na sala enfiando o controle remoto na boca, e você pede pra tirar, e ele põe e você pede e ele põe, ad infinitum. Daí ce desiste e aproveita pra chorar botando a culpa na maldita cebola. Mas leitora, não é a cebola que te faz chorar, é o seu filho, não se enganem.
Ter um bebê exaure, suga, chupa sua força. Ter uma criança exaure, suga chupa, engole, extingue suas forças. Dizem que na adolescência essa progressão aritmética piora. Oremos.
Falando em orar, eu até rezava antes de dormir, quando grávida. Depois n-u-n-c-a mais lembrei. Esqueci o Pai Nosso, o Salve Rainha, a Ave Maria. Só lembro do Credo. Credo que canseira, credo que feia que eu tô, credo que gorda, credo que vida!!!!
Vida social, esquece. Vida social de mãe de bebê é ir no supermercado e compartilhar os benefícios do Prebio1 no corredor de leite em pó. É saber que a Pampers absorve bem menos xixi que a Huggies, mas pra cocô é excelente. E o cocô hein? Milho inteiro e confundir beterraba com sangue é motivo recorrente de pânico pra mães desavisadas. Dá-lhe pediatra. Pobre médico de mãe de primeira viagem; esse ser é o que mais sofre. É cada pergunta, que hoje, quando lembro que liguei as 5 da manhã pra perguntar o que fazia com uma picada de pernilongo, me faz querer morrer. Mentira. Foda-se o médico. Ninguém mandou ser pediatra.
Aí chega o momento de os pimpolhos frequentarem a escolinha. Você começa a vislumbrar a sua independência. Seus braços ficam livres por meio período e você pode dormir. Pode? Não, não pode. Você tem que lavar louça, roupa, chorar, fazer comida, chorar, trabalhar, chorar, tomar banho-se der- e ir buscar ele na escola. O que você fez nessas quatros horas? Viveu? Não. Sobreviveu a mais um dia. Tipo AA – mais um dia.
Se você for casada, chega a noite, entre um acordar e outro de seu filho, vem maridão encostar o pé gelado no seu. Se ele tiver sorte, você nem acerta o saco dele. Mas a intenção é essa. E quando você não tem marido, você se sente uma miserável por nem ter um pé gelado pra se enroscar com o seu.
E quando calha de além de ingressarem na escola, os filhotes desmamarem? Ohhhhh independência máster. E se adicionar o desfralde? Isso é vida!! Engano ledo (mais um). Xixi por toda a parte, xixi de noite, xixi de dia, xixi na calça, xixi na cadeirinha do carro, xixi no shopping. Fora o cocô. Vida de cão. Nessas horas seus peitos já estão no chão, junto com sua auto estima. Peitos no chão, perna mijada, feijão no dente, cabelo bicolor. Reze pra estar na onda do ombrè hair na época que seu filho nascer. Ou melhor antes de nascer, porque na gravidez é expressamente proibido tingir o cabelo (mas isso burlamos, viu ginecos? Temos técnicas transcendentais para isso)
Fora isso tudo aí supracitado, tem as birras em locais públicos e não públicos, tem os pesadelos, tem o terror noturno, tem o vamos brincar quando você chegar do trabalho, tem o não quero brócolis só chocolate, tem o posso dormir aqui com você, tem o..........
A lista é infinita e minha filha não tem nem 3 anos.
Mas sou a favor da sinceridade para com as outras mães. Conto. Conto tudo mesmo, para que pensem 2, 3, 4, 8 vezes antes de abrirem as pernas sem camisinha.
Ser mãe é padecer. O paraíso é história pra boi dormir. – eu podia ter tido um filho boi. Pelo menos dormia. (apagar)

PS1: Claro que tem o lado A, mas esse todo mundo conta. Quando sarar minha TPM eu conto.

PS pra mim: excluir esse post do blog assim que Lulu for alfabetizada.

O relógio


( texto de Wallace Leal Rodrigues)

O colégio onde eu estudava, em menina, costumava encerrar o ano letivo com um espetáculo teatral. Eu adorava aquilo, porém nunca fora convidada para participar, o que me trazia uma secreta mágoa.

Quando fiz onze anos avisaram-me que que, finalmente, ia ter um papel para representar. Fiquei felicíssima, mas esse estado de espírito durou pouco: escolheram uma colega minha para o desempenho principal. A mim coube uma ponta, de pouca importância.
Minha decepção foi imensa. Voltei para casa em pranto. Mamãe quis saber o que se passava e ouviu toda a minha história, entre lágrimas e soluços. Sem nada dizer ela foi buscar o bonito relógio de bolso do papai e colocou-o em minhas mãos, dizendo:
_ O que você está vendo?
_ Um relógio de ouro, com mostrador e ponteiros.
Em seguida, mamãe abriu a parte traseira do relógio e repetiu a pergunta:
_ E agora, o que está vendo?
Ora, mamãe, aí dentro parece haver centenas de rodinhas e parafusos.
Mamãe me surpreendia, pois aquilo nada tinha a ver com o motivo do meu aborrecimento. Entretanto, novamente ela prosseguiu:
_ Este relógio, tão necessário ao seu pai e tão bonito, seria absolutamente inútil se se nele faltasse qualquer parte, mesmo a mais insignificante das rodinhas ou o menor dos parafusos.
Nós nos entrefitamos e, no seu olhar calmo e amorosos, eu compreendi sem que ela precisasse dizer mais nada.
Essa pequena lição tem me ajudado muito a ser mais feliz na vida. Aprendi, com a máquina daquele relógio, quão essenciais são mesmo os deveres mais ingratos e difíceis que nos cabem a todos. Não importa que sejamos o mais ínfimo parafuso ou a mais ignorada rodinha, desde que o trabalho, em conjunto, seja para o bem de todos.
E percebi, também, que se o esforço tiver êxito o que menos importa são os aplausos exteriores. O que vale mesmo é a paz de espírito do dever cumprido.

Fica a dica