A história é uma narrativa que se
baseia num tipo de discurso calcado no imaginário de uma cultura. As fábulas,
os contos, as lendas são organizados de acordo com o repertório de mitos que a
sociedade produz. Quando estas narrativas são lidas ou contadas por um adulto
para uma criança, abre-se uma oportunidade para que estes mitos, tão
importantes para a construção de sua identidade social e cultural, possam ser
apresentados a ela.
A diferença entre ler e contar uma história
São duas coisas muito diferentes,
porém ambas muito importantes. Um texto escrito segue as normas da língua
escrita, que são completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Quando
uma criança ouve a leitura de uma história ela introjeta funções sintáticas da
língua, além de aumentar seu vocabulário e seu campo semântico. Porém, aquele que lê a história deve dominar
a arte de contá-la, estar preparado suficientemente para fazê-lo com apoio no
texto, sabendo utilizar o livro como acessório integrado à técnica da voz e do
gesto.
Além disso, quem lê para uma
criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história; promovendo seu
encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de leitor e
desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro.
Há opiniões divergentes neste
campo: alguns autores consideram que o contador sem o livro tem mais liberdade
de acentuar emoções, modificar o enredo segundo as reações da criança e portanto, melhor comunicação com o público infantil. Teria
ainda mais disponibilidade para trabalhar sua voz e seu gesto.
Somos partidárias, neste aspecto
de que o importante é como ler e como contar, porque é preciso
que se tenha técnica e preparo para despertar o desejo e o prazer das crianças.
Segundo Luiza Lameirão, existem
dois tipos de histórias: aquelas que servem de alimento para a alma, permitindo
a transmissão de valores e de imagens arquetípicas fundamentais para a
construção da subjetividade; e aquelas que servem para despertar o raciocínio e
o interesse da criança para formas de agir e estar no mundo
- são chamadas histórias matéria -
importantes para a estruturação dos aspectos objetivos de nossa personalidade.
Estas últimas devem ser selecionadas de acordo com o desenvolvimento cognitivo
do ouvinte porque exigem maior compreensão racional e analítica.
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