domingo, 25 de março de 2018

Criança precisa é de BRINCAR

No mundo competitivo que a gente vive, é natural ver muitos pais e mães preocupados em oferecer uma infinidade de cursos para a criançada já na primeira infância. É inglês, música, robótica, reforço escolar, enfim, tudo para capacitá-los a encarar os desafios profissionais que aparecerão lá na frente. No entanto, especialistas são cada vez mais taxativos: brincar ainda é o maior catalisador das competências humanas. É nas pequenas distrações cotidianas que os pequenos aprendem habilidades importantíssimas para a carreira que vem anos mais tarde.
O pediatra Daniel Becker, pesquisador do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos criadores do programa Saúde da Família, defende que essa visão curricular sobre as atividades nas quais a criança precisa se envolver pode acabar fazendo com que ela desenvolva comportamentos de competitividade e individualismo.
O especialista defende que, na infância, a prioridade deve ser o livre brincar, atividade que não pode ser repetida em outra etapa da vida e que é capaz de estimular uma série de competências humanas que nenhuma sala de aula poderá ensinar.
“Nós vivemos uma cultura de excesso de valorização da aprendizagem com adultos, é um paradigma da escola do desenvolvimento. Como se o desenvolvimento de uma criança só se desse na sua interação com adultos, em aulas, supervisões, atividades programadas e estruturadas. Quando, na verdade, isso só provê essa criança de um tipo de ganho, um tipo de inteligência”, diz ele.
Segundo o pediatra, uma criança que brinca no parque com amigos vai aprender a negociar, interagir, ter empatia, ouvir o outro, se fazer ouvir, avaliar riscos, resolver problemas, desenvolver coragem, autorregulação, auto estímulo, criatividade, imaginação… Uma série de habilidades que nenhuma aula vai oferecer para ela.
Não que precisemos desvalorizar a importância de matricular nossos filhos em algumas atividades, mas é importante nunca esquecer que brincando livremente na natureza a criança está aprendendo.”
Becker ainda aponta que esse “excesso curricular” pode acarretar até prejuízos:
“Há algumas pesquisas que já estão avaliando que as crianças da geração Y,  que foram superprotegidas e foram vítimas desse excesso de escolarização, estão se tornando adultos narcisistas, incapazes de lidar com a frustração e com o conflito, tendem a fugir das intempéries… A criança tem que cair e ralar o joelho. Porque a vida dói, a realidade dói. Mas passa. E, no dia seguinte, o machucado ganhou uma casquinha, o corpo está reagindo e fazendo alguma coisa. Daqui a pouco, aquela marquinha sumiu e o joelho voltou ao normal. Olha tudo o que ela aprendeu ali sobre enfrentar a dor, sobre saber que essa dor passa e que o corpo funciona e se regenera. Que aula vai oferecer a ela essa experiência?”

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