Um dos nossos maiores vícios ao lidar com o ser humano é quando tentamos compreendê-lo, classificando-o dentro das categorias que construímos. Já nos primeiros contatos com uma pessoa nova, buscamos em nosso arquivo da memória referências com a qual possamos associá-la (como alguém que conhecemos que tenha uma aparência ou jeito semelhante de alguma forma),para que possamos pensar: ah, ela é assim!
E aí classificamos aquele conhecido de egoísta, o filho mais velho de problemático, o colega de trabalho de incompetente e a amiga de amorosa – categorias que geralmente estão mais ligadas às nossas próprias experiências passadas com outras pessoas e à maneira que passamos a ver o mundo a partir daí do que ao outro em si.
Ao colocar as pessoas dentro desses nossos "padrões mentais", deixamos de vê-las de maneira mais completa. Por mais que esteja evidente, não perceberemos no egoísta outros lados, como a sua coragem de batalhar pelos seus objetivos e sua firmeza ao lidar com situações difíceis; ou a grande carência de afeto e a necessidade de manter as pessoas sempre à sua volta que mobiliza a amorosa a estar sempre tão receptiva às pessoas.
Muitas vezes nos espantamos quando descobrimos que aquele fantástico chefe batalhador do qual um amigo sempre nos fala e que tanto o ajudou no trabalho, é aquele mesmo que tínhamos classificado apenas como egoísta. E a nossa amiga tão "amorosa" é vista como "chantagista emocional" pelo velho conhecido. Chegamos a perguntar se estamos falando da mesma pessoa...
Quando nos atemos rigidamente à esses padrões internos com os quais julgamos e classificamos as pessoas, ficamos presos também. Pois as categorias que criamos estreitam o nosso olhar. E. se por um lado, isso nos dá uma (falsa) ilusão de segurança, por outro lado, limita a nossa capacidade de nos relacionar e de ver o outro como ele é - em toda a sua complexidade como ser humano.
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